FREVO: SÓ NA TESOURADA

Seu Bom Jardim de paletó engomado

Abriu sombrinha nas Barrocas

Bem ali do lado...

De Cartola e com seu Zé Pretim

Puxou Noel para um botequim

Desceram cantando pela Luis Colombo

Ensaiando frevo lá em ceslau Braz

Dona Barrocas estava de Mulambo

Ainda de bobes e tiras listradas

Tinha nos braços muitas pulseiras

Anéis nos dedos e toda faceira

Abriu o leque e deu uma rodada

Olhou seu Bom Jardim, abriu gargalhada

Atracados pelas mãos ensaiaram um passo

De frevo no pé, de nome arretado

Os dois juntinhos foram tesourar

Como seus santos de foliões

Pelas ruas largas lá dos Paredões

Varreram terreiros e calçadas

Varreram com a vassourinha de Dodô e Osmar...

Varreram a tristeza e a catapora

Mandando pra debaixo do manto

De Nossa Senhora

Deram dois, três abre-alas

Arrastando multidões por onde passavam

Deram quatro, cinco, seis abre-alas

Pintando o sete em cada encruzilhada

Folia aqui, folia ali e é geral

Folia assim é bom lá no largo da Cobal

Folia aqui pra folião em seu louvor

Escorregando pelas ladeiras

Lá do Alto do louvor...

Seu Bom Jardim deu nó nas pernas

Foi lá em baixo e depois voltou

Passou sombrinha por debaixo delas

Abriram-se portas e também janelas

Enquanto as Barrocas de vestido nas canelas

Soltou rojão em Copacabana

Passou ligeiro lá em seu Tuíte

Queria sambar no ritmo da Balanço

Paredões foi no ritmo dos chocalhos

E os Pimpões da mestre Cristina

Se encontraram no Ferro de engomar

Espaia brasa já estava lá

Seu bom Jardim, Dona Barrocas e Seu Paredões

Abençoados pelo Santo Antônio

Na alegria de mais um carnaval

Fizeram frevo, coisa boa e tal

Até chegar o Urso do Carlitos

E a folia ficar assim bem mais bonita...

Folia aqui, folia ali e acolá

Folia é boa até o sol raiar

Folia aqui, folia ali e acolá

Abre sobrinha que o frevo quer passar...