FREVO DA BOAVISTA

A Boa vista amanheceu na Palha

Foi nada, foi nada...

Estava toda Silva Jardim

Foi sim, foi sim...

E, ao som da Jardineira

Estava toda festeira... festeira

Desceu com a Rio Branco na ponta do pé

Que ousada, ousada...

Porque queira beber Doze anos...

Foi nada, foi nada...

Estava contente, toda em confetes e serpentina

Uma menina danada, sambou

Pelo Centro e clamou Independência,

Até entrou no mercado central

De sorriso nos lábios e beijou o vendedor de cordel

Refrescou-se com cajuína bem gelada,

Foi nada... foi sim

Que danada... foinada

Foi sim... sambou

Resolveu trocar os sapatos pelas rasteiras

E se foi com os seus balangandãs Beco das frutas adentro.

Adentrou na casa dos Orixás, pediu bênção a Oiá, Atotô e Nanâ

Se sentiu a própria Carmem Miranda e mirando o infinito

Cantou as cores do Brasil:

"verde amarela azul anil

Brasil Brasil Brasil"

Bebeu uma pinga e no pingo do mei dia seguiu o urso

Em sentido contrário pela Mário Negócio

"Só na cabeleira do Zezé..."

Negociou uma carona no varão do negão de tirar o chapéu

e no samba de crioulo doido...

Foi nada, foi nada

Foi sim, foi sim

já subia o Alto de São Manoel, pela Prudente e

toda prudente quis ser a própria Ilha de Santa Luzia

encurtando distância pela nova avenida

Estava folia, queira alegria

Que ousada, que danada

Saudou Conceição, mas não era santa

e de Coelho Neto acenou para o "Belorizonte"

do dia de sol, anunciou carnaval

Na praça Rubino encontrou o bloco

e tocou em cores fez festa, festejou as marchinhas,

Boa vista não quis descansar

Até que chegasse as cinzas

Do final do carnaval...