Matando a saudade

*Elias Alves Aranha

Hoje eu matei a saudade,

Do tempo em que morei na roça,

Tomei a água do pote,

O café quentinho da hora,

Passei a chuva na choça,

Vi a água limpinha a correr,

Cortei a lenha com machado,

Apreciei o gado o capim a verde a comer,

Esse dia ficou registrado,

Matei a saudade do meu passado.

A floresta verde da serra,

Na cabeceira da fazendinha,

O cheiro de flor da laranjeira,

A estrada lisa, de terra,

O cacarejar das galinhas,

O rangido no abrir da porteira,

O cantar do galo no terreiro,

O bem-te-vi na goiabeira,

O vento assoprando as folhas do coqueiro,

E vaca amamentando o terneiro.

Que vida gostosa é essa,

Eu pensava embevecido,

Onde a lida não exige pressa,

E a mulher acaricia o marido,

Onde o homem aprecia o luar,

Com o amor puro e verdadeiro,

No cheiro da relva faz à preliminar,

A noite sentados no terreiro,

Logo mais vão se unir vão se amar,

No aconchego abraçar, dormir e sonhar.

Elias Aranha
Enviado por Elias Aranha em 22/01/2014
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