Pedido de chuva á Santo Antõnio
Há tempos minha boca está deserta,
A procura de novos ventos norte.
Mais calores, desejos e delícias,
Boas novas que mudem minha sorte.
Uma estiagem de quase três anos,
Acomete meu peito de poeta.
Passo o fio da vida esperando,
Que a chuva caia na hora certa.
Minha boca é sedenta de desejos,
O meu corpo é deserto e solidão.
Que a língua oposta seja a nuvem,
Que derrame arrepio, fogo e paixão.
Desde aquela chuva de verão,
Passou não tive outra emoção.
Desde então busco a nuvem prometida,
Que chuva alegria em’’’ meu chão’’’.
Enquanto minha boca inda é deserta,
E meu corpo é espinho e solidão.
Vou procurando chuvas de verão,
Ao menos pra abrandar a minha sede.
Mas o sol do destino é inclemente,
E insiste em esturricar a esperança
E assim sigo nessa estranha dança
Um baião descompassado e dolente.
São Pedro é o santo que traz chuva,
Mas a chuva que espero é diferente.
Santo Antônio velho amigo valei-me,
Pois já sou o seu velho conhecido.
Perdoe tanto ter o aborrecido,
Mas essa estiagem nuca finda.
Que a chuva de amor venha tranquila
E que faça feliz esse vivente.
E quando essa chuva enfim chegar,
Terei muitos motivos pra cantar.
Que não sejam só chuvas de verão,
Duram pouco e semeiam só penar.
Minha boca há de ser eterna chuva,
Meu corpo há de ser somente amar.
Que uma nuvem apenas me afogue,
Santo Antônio há de me abençoar.
Por: Nilo Carvalho
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