Pedido de chuva á Santo Antõnio

Há tempos minha boca está deserta,

A procura de novos ventos norte.

Mais calores, desejos e delícias,

Boas novas que mudem minha sorte.

Uma estiagem de quase três anos,

Acomete meu peito de poeta.

Passo o fio da vida esperando,

Que a chuva caia na hora certa.

Minha boca é sedenta de desejos,

O meu corpo é deserto e solidão.

Que a língua oposta seja a nuvem,

Que derrame arrepio, fogo e paixão.

Desde aquela chuva de verão,

Passou não tive outra emoção.

Desde então busco a nuvem prometida,

Que chuva alegria em’’’ meu chão’’’.

Enquanto minha boca inda é deserta,

E meu corpo é espinho e solidão.

Vou procurando chuvas de verão,

Ao menos pra abrandar a minha sede.

Mas o sol do destino é inclemente,

E insiste em esturricar a esperança

E assim sigo nessa estranha dança

Um baião descompassado e dolente.

São Pedro é o santo que traz chuva,

Mas a chuva que espero é diferente.

Santo Antônio velho amigo valei-me,

Pois já sou o seu velho conhecido.

Perdoe tanto ter o aborrecido,

Mas essa estiagem nuca finda.

Que a chuva de amor venha tranquila

E que faça feliz esse vivente.

E quando essa chuva enfim chegar,

Terei muitos motivos pra cantar.

Que não sejam só chuvas de verão,

Duram pouco e semeiam só penar.

Minha boca há de ser eterna chuva,

Meu corpo há de ser somente amar.

Que uma nuvem apenas me afogue,

Santo Antônio há de me abençoar.

Por: Nilo Carvalho

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Nilo Carvalho
Enviado por Nilo Carvalho em 10/01/2014
Código do texto: T4643514
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