O Jardim

Uma medida de inquietação

O refúgio no jardim das sombras

A silhueta que comanda o porão

Ainda lateja em cada esquina

O olho da serpente cega

Percorrendo cada fim de mundo,

Atravessa o espaço e o tempo,

Pra chegar no ultimo segundo

Esqueletos de flores no jardim,

Escurecem a vista clara

Quebram o silêncio sem fim

Na solidão da incerteza

Não há resposta, não há perguntas

Só máquinas de pressão

Cavando e escavando mentiras

Mergulhando na escuridão

--------- Interlúdio ----------------

Não há folhas nesse quintal,

O jardim do absurdo

Não há resto mortal da verdade,

Nem mesmo inquietação do tudo

Bem vindo! Meu filho!

Que bom que chegou!

Não há futuro pra humanidade,

Esse tempo já passou!

O jardim juntou peças

Transformou tudo em pó

"Soem os alarmes, ao meu comando!"

"Explodam céus, explodam o sol"

Vapor de trilhas esquecidas

Veias de soldados em transe

Projetos de almas perdidas

"Ataquem o templo! Que o jardim amanse!"

O fogo que destoa o jardim

Expele a corrosão das massas

"Homens, armas em punho,

Essas ruínas agora são nossas!"

-------- Interlúdio--------------------

Não há mais serpente enroscando

Não há mais traços de explosão

Silêncio errado, é o que resta

Em prol da erradicação

Uma medida de esperança

Uma medida de salvação

Uma simples medida sem explicação

O jardim não sucumbe a meios de terror

Não há pedra no caminho, apenas uma flor

São lágrimas perdidas em cada grama

Cada peso de canhão, em cada flama

A batalha chora pelos campos de sal

Lágrimas desperdiçadas em cada passo

O céu está em desespero total

Ninguém atravessa a dor, desse descaso

São pedaços de tragédia sobre o chão

O jardim decompõe-se em ira

"Arranquem cada pedaço de vida!"

"Cada lógica abstrata que o jardim deixou!"

----------------Interlúdio------------------------

Um tiro de vida no escuro do sol

Raízes de destreza nos homens fortes

Caules de coragem em cada mão de ferro

Folhas de renascimento nos pés de destruição

Orvalho de ascensão nas mentes vazias

Um ponto de vista para todos

A serpente cega se enrola no corações vazios

A roda ao redor do mundo, volta a girar

Grama gentil sob o sol suave,

As ruínas tornam-se civilizações

Pés descalços para os famintos

Cessar de armas e destruição

O jardim de lugares altos,

Com a serpente a seus pés

Uma camada de misticismo e narcisismo

Uma medida de paz e fé.