Cruel
Uma linda menina aprendendo a namorar,
Um jovem rapaz usando a arte de manipular...
Na minha casa tem uma festa
Vamos comemorar,
A vida que você leva não presta
Beba pra se libertar.
Assim começa a violência...
Menina sem ação,
Rapaz sem razão.
Roupas que se rasgam
E lágrimas que caem pelo chão.
Voltando para casa assustada,
Sua mãe não aceitava por causa da religião.
A menina deixou de ser criança
E afundou com a esperança de um dia ser feliz...
Gravidez indesejada,
Rapaz virando homem a base de pancada,
As grades estavam armadas
A tristeza estampada
Na face da criança que perdeu a chance de ser o que sempre quis.
Prisão, por prisão...
A arma na mão...
Criados no ódio
Nunca aprenderam o valor do perdão
E nunca aprenderão.
Seguindo a história
Um casamento foi forçado,
Nunca sairá de suas memórias
Corações tão judiados.
E lá estava
Em uma casa simples
Pedacinho de chão pra plantar,
E lá estava
Família de três que não paravam de brigar.
Mulher escrava
Seu futuro era a roupa pra lavar,
O homem cada vez mais cruel
Culpado sua mulher por ser réu do destino
Com o fel na garganta por ter deixado de ser menino.
Cruel, cruel...
Cruel, cruel...
Ser o homem da casa
Não pode ser tão cruel.
Prisão, por prisão...
A arma na mão...
Criados no ódio
Nunca aprenderam o valor do perdão
E nunca aprenderão.
Espancava a mulher na frente do filho
Filho que chorava e esperneava
Nada adiantava,
Pois tinha sangue em seus olhos
E cheiro de medo no ar,
Demônios invadiam suas almas
Com tanto ódio, impossível se libertar.
A esperança não morava lá,
A criança se cansou de chorar
Resolveu agir
E só conseguiu apanhar.
Seu corpo era uma grande cicatriz,
O coração não encontrava a calma
E o sonho passou a ser possuir uma arma.
A criança parou de estudar,
Foi trabalhar na enxada
Com vingança na mente
Olhos de serpente pronto pra se vingar,
Rangia os dentes,
Estava pronto pra matar.
Prisão, por prisão...
A arma na mão...
Criados no ódio
Nunca aprenderam o valor do perdão
E nunca aprenderão.
Um mês de trabalho forçado conseguiu comprar
O objeto desejado.
Seu pai cruel saiu pra beber e ser infiel,
A mãe pressentindo que algo estava errado
Deu um abraço apertado.
Os dois choravam esperando o pior,
O barulho da “fusqueta” aumentava ao seu redor
O menino abriu a gaveta
Estava pronto para o fim,
O pai tonto e violento
Com cheiro de bebida e piranha,
O destino cada vez mais sangrento...
Prisão, por prisão...
A arma na mão...
Criados no ódio
Nunca aprenderam o valor do perdão
E nunca aprenderão.