QUANDO EU CHEGUEI EM MINAS
Quando eu cheguei em Minas...
Quando eu cheguei em Minas...
Quando eu cheguei em Minas
em mim nasceu...
Quando eu cheguei em Minas em mim nasceu
essa vontade imensa de ficar
e batear nas grotas do passado
para os encantos da história encontrar.
De minerar nas vastas lembranças
de Vila Rica, da Inconfidência,
e garimpar em todas as memórias
dos heróis presos ou mortos sem clemência.
Quando eu cheguei em Minas...
Quando eu cheguei em Minas...
Quando eu cheguei em Minas
em mim nasceu...
Quando cheguei em Minas em mim nasceu
esse desejo louco de voltar
nas sendas desse tempo que se foi,
levando os sonhos de quem ousou sonhar,
Para encontrar Heliodora “Marília”
e ouvir Dirceu no seu delirar
cantando em lágrimas, chorando em versos,
apodrecendo na masmorra a esperar...
Quando eu cheguei em Minas...
Quando eu cheguei em Minas...
Quando eu cheguei em Minas
em mim nasceu...
Quando cheguei em Minas em mim nasceu
a esperança de que o dia virá
de ver o homem novo e redimido
e ouvir seu canto livre a se espalhar,
levado ao vento pelos quatro cantos,
rugindo forte como ondas do mar,
raiando e vindo como o sol nascente,
num coral de milhões de Tiradentes.
Quando eu cheguei em Minas...
Quando eu cheguei em Minas...
Quando eu cheguei em Minas
em mim nasceu...
Quando cheguei em Minas em mim nasceu
uma visão transcendental da vida.
Vi um gigante atado pelos braços
e os abutres a bicar suas feridas,
Qual um Prometeu latino-americano.
Revi condes e viscondes nos seus passos,
homens lassos sem dó ou piedade,
lançar sentenças vis pelas cidades...
-Levai à forca este homem!
- Matai esse homem insano
que ousou sonhar com o engano
da liberdade...
Quando eu cheguei em Minas...
Quando eu cheguei em Minas...
Quando eu cheguei em Minas
em mim nasceu...
(Poema que escrevi em 1972 e posteriormente musicado pelo meu irmão Luís, que partiu desta vida em 1997)