Não some os nós
Eu sei, não é você,
mas eu quero sonhar livre
Não mais sangrar amarras
das verdades que tive
Eu sei, não é você
mas deixa tua voz soar
na tensão das lágrimas
que esqueci de chorar
E essa ausência ferve na inexistência
que desfere golpes com toque de cetim
e palavras escolhidas pela madrugada
são órfãs mentiras que restam em mim
Pobre e inexata é nossa essência
nestas tranças que a vida desfaz sem porquê
Meros desconhecidos errantes
Espelhos do que um dia hei de ver
Eu sei, não sou eu
nas páginas dos livros
no brilho do sorriso
nos abraços dos amigos
Eu sei, não sou eu
nos refrões que cantas
no despertar de tuas manhãs
ou nas esquinas onde andas
Eu sei, mas deixe o sonho arder
silente nas farpas, sem alarde
morrendo um dia de cada vez
não sou eu ali, nem é você