GALOS E MANHÃS
Eu já tive galos cantando em minhas manhãs,
E o odor de uma rosa, o gosto das hortelãs,
Eu já ouvi muita prosa, a beira do fogo vadio,
Ouvi riso de quem goza, rolando em pedra, no rio...
- Algum passarinho me ludibriou com seu canto,
Eu via sereia no cio, como se fosse em encanto,
Eu tive luas e praças, nestas manhãs de então,
Saudade faz é trapaça, contra o próprio coração.
Sou homem tipo a antiga e o meu passado passou,
Mas toco a minha vida – ou o que dela restou –
Feito menino encantado, no fundo do seu quintal,
Vendo estrelas desnudas, secando a pele na luz do varal.