GALOS E MANHÃS

Eu já tive galos cantando em minhas manhãs,

E o odor de uma rosa, o gosto das hortelãs,

Eu já ouvi muita prosa, a beira do fogo vadio,

Ouvi riso de quem goza, rolando em pedra, no rio...

- Algum passarinho me ludibriou com seu canto,

Eu via sereia no cio, como se fosse em encanto,

Eu tive luas e praças, nestas manhãs de então,

Saudade faz é trapaça, contra o próprio coração.

Sou homem tipo a antiga e o meu passado passou,

Mas toco a minha vida – ou o que dela restou –

Feito menino encantado, no fundo do seu quintal,

Vendo estrelas desnudas, secando a pele na luz do varal.

Sérgio de Paula
Enviado por Sérgio de Paula em 12/06/2013
Reeditado em 23/07/2014
Código do texto: T4338201
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