Samba da carência.
Vai...
Oh, pranto meu
ao quarto dela e sussurre,
fala pra ela
que eu mudei
pra que isso mude.
Que essa carência
é tendência,
pela ausência
de seus gestos
em meus versos.
Fala pra ela
que a poesia é tristonha
sem a ausência de vergonha dessa moça.
Que desnuda lava a louça
e ri de mim.
Que vermelho a espio
pelo espelho do banheiro
e rio torto,
enquanto fito o seu corpo,
me sentindo bem mais moço,
por ser dono dos seus beijos.
E que alegria hoje em dia
é só meu futebol,
nem espio mais
a vizinha aqui do fundo tomar sol.
Que a graça era a ver brava,
me xingava,
me puxava
e me amava.
E que por causa dela,
fico triste até com a novela.
É que o galã
trouxe de volta a donzela.
Na minha história não adianta
pois não tem trilha romântica
que a faça me perdoar.
Liguei pro Chico
e implorei
pra roda girar.
pois na minha escola
existe o risco
da bateria enferrujar
e o samba então,
sem ela no meu coração,
perder toda inspiração
e um dia acabar.