Ainda
Perdure tua voz, perdure ainda
que o silêncio atroz seja murmúrio
e as litanias gritem o escuro
e o desespero chame à carne viva
Perdure teu ser, perdure ainda
que a dor do mundo grite incoerência
e que que a vida de aflições fabrique
as ilusões pequenas
Perdure ainda
Que te neguem aquilo que te pertence
e as botinas de cravos em tua frente
pisem em teu silêncio fogo
E ainda
Que o amor esteja mundo
ainda assim, e sempre assim
possas sonhar o tudo