Bin de lá, bandido de cá

Eu acho Bin Laden um santo

Porque moro no Brasil

Porque sou refém todo dia

De uma bandidagem

Que assalta ao que luta

E debocha impune.

Certamente,

Não foram esses os ideais

Por que lutaram

Os baluartes da liberdade

Eu acho Bin Laden clemente

Porque moro no Brasil

De cujo direito esvazia-se

A minha coragem

Pois, sinceramente,

Espero sempre mais um dia.

Legalmente,

Vivo algemado aos meus iguais

Pois, estão livres

Os “os infelizes” à minha espreita.

Crueldade,

Maldade estúpida sem piedade

Nos faróis

Sequestros relâmpagos pela cidade.

Bico calado

Muito cuidado,

Bandido vem ai

Bandido vem ai.

E ainda falamos dos outros.

Música incidental: “Passaredo” de Francis Hime e Chico Buarque.