(Negros Girassóis)

a vida erra

sob os meus pés.

sobre a minha cabeça

chovem dias inúteis.

verbo que abraça a vida

tinge a palavra

na língua que berra.

são quatro paredes

um teto e o piso

assim posto e composto

meu bunker-gaiola

onde conecto-me à rede.

em pontos equidistantes

dormem livros irreais

misturados a quadros

com motivos banais,

enquanto uma música

repete num louco crocitar:

nunca mais, nunca mais!

entre vasos de avencas

e negros girassóis

conflitam-se as luzes.

longe de mim

me aproximo do infinito.

* Uma homenagem à Edgar Allan Poe

José Carlos de Souza
Enviado por José Carlos de Souza em 19/03/2013
Código do texto: T4197082
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