(Negros Girassóis)
a vida erra
sob os meus pés.
sobre a minha cabeça
chovem dias inúteis.
verbo que abraça a vida
tinge a palavra
na língua que berra.
são quatro paredes
um teto e o piso
assim posto e composto
meu bunker-gaiola
onde conecto-me à rede.
em pontos equidistantes
dormem livros irreais
misturados a quadros
com motivos banais,
enquanto uma música
repete num louco crocitar:
nunca mais, nunca mais!
entre vasos de avencas
e negros girassóis
conflitam-se as luzes.
longe de mim
me aproximo do infinito.
* Uma homenagem à Edgar Allan Poe