Pássaro Engaiolado
Talvez, em uma noite fria como esta
Sob a escuridão crescente no céu
O vento traga essas palavras ao seu ouvido
Atravessando a dor que inflama no peito
Entre o rancor dos acontecimentos
Espero que o meu sentimento mais sincero transborde
A cada fragmento de memória esquecida
Eu sei que no seu íntimo queres me ver brilhar
Mas como uma estrela apagada recupera a sua luz?
Embora o meu fracasso seja contínuo
Assim como as decepções que acumulo conforme os anos
Sente-se culpado por todas as minhas quedas?
Eu apenas peço que veja o esforço que faço para me levantar
Após tantas repreensões, suportando os julgamentos
Olho de cabeça baixa o caminho desviado
Não importa o quão honesta seja a minha reação
O quanto estou dolorida ao tentar me expressar
Meu dom com as palavras me abandona
No momento de proferi-las através dos lábios
Em algum lugar distante, entre o seu eu interior
Algo lhe passe em mente a fim de direcioná-lo para mim
E em uma telepatia imperfeita seja transmitida
Essas palavras que se desintegram ao ar
A minha complexidade te aflige
A promessa quebrada nos afasta aos poucos
Ainda que eu esteja na sua presença
O tempo desperdiçado aumenta a distância
Mas saiba que não é a minha intenção feri-lo
Embora esse pássaro engaiolado mostra-se hostil
E no momento da sua libertação, há uma pergunta impertinente:
“O que dirá à sua garotinha, ao vê-la partir
Emitindo em seus olhos o silencioso pedido de perdão?”