Pássaro Engaiolado

Talvez, em uma noite fria como esta

Sob a escuridão crescente no céu

O vento traga essas palavras ao seu ouvido

Atravessando a dor que inflama no peito

Entre o rancor dos acontecimentos

Espero que o meu sentimento mais sincero transborde

A cada fragmento de memória esquecida

Eu sei que no seu íntimo queres me ver brilhar

Mas como uma estrela apagada recupera a sua luz?

Embora o meu fracasso seja contínuo

Assim como as decepções que acumulo conforme os anos

Sente-se culpado por todas as minhas quedas?

Eu apenas peço que veja o esforço que faço para me levantar

Após tantas repreensões, suportando os julgamentos

Olho de cabeça baixa o caminho desviado

Não importa o quão honesta seja a minha reação

O quanto estou dolorida ao tentar me expressar

Meu dom com as palavras me abandona

No momento de proferi-las através dos lábios

Em algum lugar distante, entre o seu eu interior

Algo lhe passe em mente a fim de direcioná-lo para mim

E em uma telepatia imperfeita seja transmitida

Essas palavras que se desintegram ao ar

A minha complexidade te aflige

A promessa quebrada nos afasta aos poucos

Ainda que eu esteja na sua presença

O tempo desperdiçado aumenta a distância

Mas saiba que não é a minha intenção feri-lo

Embora esse pássaro engaiolado mostra-se hostil

E no momento da sua libertação, há uma pergunta impertinente:

“O que dirá à sua garotinha, ao vê-la partir

Emitindo em seus olhos o silencioso pedido de perdão?”

Dandara Marques
Enviado por Dandara Marques em 13/01/2013
Código do texto: T4083279
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