Poeta Inimigo do Estado
As pessoas não tem senso nenhum
O ser humano tem sido comum
Presente no Futuro
O envelhecimento é inimigo do estado
Tenho tido um estado incomum
Da vida que me dê algo ligeiro
Se as mãos pudessem (as tuas,
as minhas) rasgar o nevoeiro,
Entrar na luz a prumo.
Viver assim sem rumo
Se a voz viesse. Não uma qualquer:
a tua, e na manhã voasse.
Aquela voz do poeta
E de júbilo cantasse.
Com as tuas mãos, e as minhas,
pudesse entrar no azul, qualquer
azul: o do mar,
o do céu, o da rasteirinha canção de água corrente.
O ser humano decadente
E com elas subisse.
(A ave, as mãos, a voz.)
E fossem chama.
Quase.
Ama
Na asa de uma nave
Limpando as mãos com gaze
Pra não ser descoberta
A mentira encoberta.