NEGRO DESATINO
Lenta madrugada
sonhos na calçada
e o coração na mão
lua em desespero
brisa com teu cheiro
em faróis de solidão
Medo de futuro
riso no escuro
sem ninguém pagar pra ver
Taça de maldade
que faz a saudade
outra vez amanhecer
desejo bandido
corpo dividido
o ciume faz sangrar
sei que não te prendo
mas me arrependo
toda vez à te esperar
O tempo não passa
tudo é sem graça
torna fosco esse amor
Borboleta negra
que me desagrega
voando de flor em flor
Tem no teu aceno
um lento veneno
que não tarda à me matar
Negro desatino
choro de menino
o meu ego à agonizar
Paixão suicida
que maltrata a vida
no prazer de torturar
Jugo sem remédio
esse teu assédio
não consigo me curar.