Asfalto dos Desavisados
E de novo a lucidez
Me consome muito mais
Sem pra que, nem por que
Outro sonho se desfaz
E será que tudo passa
Ou será mais desatenção?
Dura vida que dirá doída
O conforto do coração
Outra vez, tudo me espera
Esperança rasa no chão
E quem sabe nessa primavera
O outono não me deixe na mão
Mas será a velha saudade
Que arrebata e traga tudo de vez
E essa tal coisa de amizade
Põe a prova toda insensatez
Mesmo que tenha sido tudo em vão
Valeu a pena eu ter tentado?
Mas quem sabe finge não saber
Por ter alguém especial ao lado
A lua cheia quer que eu me despeça
Pra dar lugar a um sol desabrigado
Ele paira nu, numa estação concreta
Ou só no asfalto dos desavisados