VINHO AMARGO
No vago deste abraço
Me acho em desconsolo...
Espera fez-se em dolo
Porque não voltarás...
A esperança eu caço
Inútil, pois bem sei,
Desfeito o frágil laço
No muito que sangrei
Não mais a fé de aço...
Já desacreditei...
Também nem há retorno
O fim foi decidido
Naquele dia morno
De céu já corrompido...
Seguiste o seu caminho
Perdi-me em desespero
Amargo desse vinho
Me ata ao travesseiro.
Em lágrimas sentidas
Chorei a dor sem fim.
Das dores já dormidas
Refém me ví e assim
Tristeza a me ninar,
Borrão deste nanquim...