TEMPO, ESFARRAPADO, BANIDO, AMOR.

O tempo não perdoa seu tempo nem seu unguento

é ranzinza nas suas amas, nas suas sinas,

nas enviezadas sutis da sua alma.

É algoz nas vértebras da sua dor,

é fugaz nos gargalos do seu medo.

O tempo não se aventura a fugir de si mesmo,

nem se aninha sem pedir licença.

Sabe bem onde repousa seus enganos,

sabe bem onde se entrincheira suas senzalas.

Quando se respinga menino, esquece seus cheiros,

seus gozos dilacerados pelas caminhadas sem sombra.

O tempo é esquisito quando tenta se fazer direito,

fica manco e morno sempre que é chamado à luz,

é clamado à tona,

aparece no palco sem ninguém à frente,

solitário e infeliz como ele só.

Então, por certo, se fará forte, se fará lastro,

mostrará que dentro dele tem muito mais que um imenso vazio,

abrirá seu peito, saltará sua voz do alto, será amado como sempre quis.

Nessa hora tudo ficará manso, tudo será paz,

então o tempo, outrora banido e leproso,

será sândalo, será descanso, será amor.

Para sempre, para sempre, para sempre.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 11/09/2012
Reeditado em 11/09/2012
Código do texto: T3875878
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