Mistérios do Firmamento
As cinzas de um cigarro esfacelando-se entre os dedos.
E a fumaça vai subindo se perdendo pelo teto.
Eu deitado na varanda,
Uma bela lua e pouca gente.
Destilando estes versos
Fortes que nem aguardente
Os acordes, tão difíceis
Desafiam a noite escura
Com uma dor, que nasceu nas entranhas do meu peito
É a fome, é o frio é a falta de respeito.
Tão selvagens, estes versos, já não tem mais paradeiro.
Ainda encontro, outra hora, num sinistro arvoredo
Vou dormir, não consigo,
Eu ainda estou com medo
São gemidos, são janelas e são portas se batendo
Isso deve, com certeza, ser mais um truque do demo.
Em silêncio, um Pai-nosso
Pois somente a Deus eu temo
E assim, eu repouso,
Abro a guarda e me entrego
Descansando o pensamento
para um sono perfeito
Um cometa, a minha alma
arrasta lentamente
E flutua, nos maiores
Mistérios do firmamento