FOSSE BRASÍLIA EM FORMA DE CAMBURÃO
Após ver uma frase atribuída a Oscar Niemayer em que ele dizia ter querido planejar Brasília em forma de camburão, resolvi fazer esse baião, que ficou dessa maneira:
Se o discurso dá ao homem o domínio
Da consciência e da plena sabedoria
Se um dia erra, vê no outro o que faria
E não vê terras, nem seu fim, nem seu declínio
Usa o poder gerador de um fascínio
Para usurpar a riqueza da nação
E de si mesmos garantirem o seu perdão
Vão praticando da linha mais populista
Mas como disse o centenário idealista
Fosse Brasília em forma de camburão
E no plenário fazem ponta pra fartura
Com saldo extra para fazer patifaria
Não se contentam e exploram a regalia
É que o seu voto só vale uma dentadura
Que de malfeita não quebra nem rapadura
Espere só até a próxima eleição
Muita promessa e falta projeção
Que logo indica a tendência chauvinista
Mas como disse das curvas, o grande artista
Fosse Brasília em forma de camburão
Até dinheiro pra comprar o paletó
Que eles precisam pra compor seu fardamento
E tratam disso com grande convencimento
Sem remorso, comoção, vergonha ou dó
E ainda aqueles que voltam do xilindró
São reeleitos depois do tempo-perdão
E de olhos vivos no dinheiro da nação
Vão esquentando o banco dos vigaristas
Mas como disse o arquiteto realista
Fosse Brasília em forma de camburão