DOLOROSA

Vejo pessoas atravessarem meu mundo simplesmente porque o acaso escolheu

E até as pedras na sua mudez e inércia resolvem me encontrar

Li nos olhares perdidos um pedido de socorro, e, sem saber acudi.

Pequei contra a minha promessa de não prestar atenção em nada,

Mas meu coração nunca me obedece, e eu acabo padecendo no final.

Aqueles versos esculpidos com o sonho dourado do amor já não mais falam

E na minha pergunta eterna, eu recolho um não entender.

Cadê você? Onde está a sua crença?

Responda-me ao menos qual foi o meu crime?

Falar sobre um amanhã melhor para nós, talvez, não tenha sido a melhor idéia.

Pode preferir um gesto que não contrarie a sua fúria,

Pode ceder um lugar quente em seu peito,

Pode me ver mais nítido do que minhas palavras,

Mas não pode me achar em seus sonhos se não me procurar.

Desiste muito fácil do sol e da vastidão eterna do existir

Desiste daquilo que tanto defende, mas não se importa.

E as pessoas continuam a caminhar pelo meu caminho sem pedir licença

E da mesma forma se vão sem olhar para trás.

E eu continuo sem entender por que desistem de mim...

Essas rosas passam pelo meu jardim e vão colorir a vida de outras pessoas.

E eu cultivo a estupidez de gostar das rosas...

Cadê você? Onde está sua crença?

Responda-me ao menos qual foi o meu crime?

Márcio Ahimsa
Enviado por Márcio Ahimsa em 14/02/2007
Reeditado em 01/08/2007
Código do texto: T380570