Aglomerados (RAPPER)
Ai galera eu vou falar,
Eu vou falar pra quem quiser ouvir.
Eu vou falar pros que entendem,
Mas se de prima não entender eu posso repetir.
Eu vou falar de aglomerados,
Que só tendem a se multiplicar.
Eu vou falar aqui do alto,
É morro e não favela.
Não somos favelas, somos sociedade!
Pois nem sempre os bairros nobres,
São lugares de verdade.
É na nobreza que está à roupa surja,
Não que sejam todos.
Mas é em qualquer lugar,
Que existe o lado certo e o lado torto.
Da sacada da janela eu vejo barreiras,
Com casas aglomeradas nelas:
Todas com sacadas e também com janelas.
Janelas de frente para o esgoto,
Que passa beijando causadas e portas.
Isso é culpa da sociedade? Sim!
Mas também é culpa das autoridades,
Políticas que nos viraram as costas.
Já que não há como remover todos desse lugar,
Pelo menos vamos valorizar:
Fazendo o que é preciso, pra situação não piorar.
Até quando isso vai continuar?
Respira ai! Eu vou vos falar!
Basta chegar à época das eleições,
Para ouvirmos aqueles mesmos Blá! Blá! Blá!
E mais uma vez tudo passa despercebido,
E o povo continua só ouvindo e nada falar.
E se falar de mais te botam pra viajar
Num objeto de madeira amedrontando,
Quem pensar em se manifestar.
Enquanto nada acontece, todos seguem,
Bravamente, sem desistir e sem desanimar.
Aglomera aqui! Aglomera ali!
A chuva ameaça
Mas não temos pra onde ir.
Aglomera aqui! Aglomera ali!
A chuva passa e todos respiram aliviados,
Pois suas casas não vieram a cair.
Auto: Edu José.