Repente do juízo final
Assisti uma peleja certo dia,
Que inté o mundo parou de girar.
Pra assuntar a mentira e a verdade,
Num repente de arrepiar.
A mentira como é toda exibida,
Chegou trazendo uma viola dourada.
Mas ligeira que cobra “cascavé”
Foi saudano os home e as muié,
Boa noite aos presentes dessa casa.
Minha prosódia de meias palavras,
Faz você alcançar o paraíso.
Ganho tudo na base do improviso,
Sem delonga, demora ou rodeio.
Consigo o que quero pelos “meios”
Pra quê preto no branco não é preciso.
Boa noite senhoras e senhores,
Aqui quem tá falando é a verdade.
Incomodo gatunos e covardes,
Que levam nossa gente à pobreza.
Sou do preto no branco da deiscência,
To escrita na Bíblia divindade.
Do que vale estar escrita na Bíblia,
Se meu verso consegue te mudar.
Reverter a sentença adversa,
O culpado em inocente virar.
De repente nos braços do povo,
Chego inté no Planarto Centra.
Dona mentira esposa do diabo,
Tu estás merecendo uma lição.
Do que vale esse sorriso forjado,
A custa de falácia enganação.
Se bobear promete chuva no sertão,
Promete inté o verde no roçado,
Vá se embora o meu povo tá cansado,
De sofrer nessa tua unha de cão.
O teu povo não carece sofrer,
Desse tanto pra alcançar o céu.
A porta do meu “céu” tu pode ver
Passa a tua família inteira,
Se ofertares a mim tuas riquezas,
Voltará mais que o dobro pra você.
Minha prosa é limpa como a água,
Brilha tanto que pode lhe cegar.
Na essência não tem veneno ou mágoa,
Não pede nada em troca é só amar.
Meu caminho é cheio de espinhos,
Tortuoso e estreito sim senhor,
Mas é linda a visão do paraíso,
Maravilha, alegria, paz e amor.
A mentira guardou a viola,
Percebeu que perdeu na função.
A verdade brilhou erguida em glória,
Nos braços do povo desse sertão,
Repente do juízo fina,
Abalou a estrutura do baião.