Canção pra ninar.
É meu amigo vou indo
Arrasto-me multidão
Todos estão preocupados
Com o prato de feijão
Mas me sinto bem distante
Das tropas dos generais
Comandam todos à morte
A morte em nome da paz
Boca pequena ele fala
Olhos vendados está
Dá ordens de cima pra baixo
Não ouve o povo implorar
Por Deus não façam a guerra
Nela não há vencedor
Corpo esmagado na terra
Concretizado o horror
É fácil explodir uma bomba
Um mapa codificar
Torturar seu semelhante
Na bandeira se apoiar
É meu amigo vou indo
Perdido na multidão
Eu cá me vou perguntando
Se sou asno ou garanhão
Pois crianças morrem de fome
Adultos caem também
Ou nós passamos por cima
Ou nós dizemos amém
Poesia sem acusar
Não tem lugar neste tempo
Falo das flores de abril
Daquele mês fedorento
Quando fui surpreendido
Por gente torturada
Mulheres sendo estupradas
E hienas às gargalhadas
Tapem minha boca com lama
Talhem meu corpo no sal
O pau de arara espero
Eu falo por ideal
Tirem-me deste país
Mandem-me pra outro lugar
Meu pensamento aqui fica
Sei que por ele vão... me matar...
Rodolfo Thompson – 23/6/2012
Ps. Amar significa, também, fazer prevalecer o bem.