Reflexões de uma manhã
Segregação étnica, conselhos internacionais
Do Nepal, ao Japão e aos nosso pantanais.
Movidos pelo ódio vivem a violência.
Rezam por paz, amor e nem a ciência explica.
E a gente como fica? Trabalhando a alma
e alimentando quem trafica informação.
Lavagem de dinheiro, contrabando de armas.
Drogas na escola e ainda pedem calma!
De quatro em quatro anos é a mesma conversa
a luta sem progresso é o que mais me estressa.
Queria um GameShark para aplicar na vida:
Um super nível de expertise a cada lição aprendida.
Talvez assim eu ficasse menos cego
e parasse de bater o martelo sem acertar o prego.
Botar um basta nesse conto de vigário
Que a grandeza de um homem se mede pelo salário.
Oh, desgraça! Exploração de massa!
Mil anjos choram e o demônio se disfarça
De terno e gravata, sobe no palanque.
Grita "PAZ! PAZ!" enquanto manda os tanques.
Todo mundo sabe como é punk! Ninguém decide nada!
Não tem final feliz pr'esse conto de fada!
Até abóbora tá cara pra fazer a carruagem.
As cicatrizes de batalha é que são nossas tatuagens.
A arte rasteja e por pouco não falece.
A todos os artistas: Vocês têm as minhas preces.
Temos liberdade? Sim, sem livre expressão.
Escolhemos entre morrer ou viver sob opressão.
Presos, humilhados. Todo o dia renegados.
Vivendo numa terra sem lei, regida pela ética caótica que guia a estrada
de quem vaga sem rumo. Sem salvação, os almas sujas, vagabundos!
As marcas que cobrem nosso corpo são os rastros
De um estigma que nos jogou abaixo dos ratos.
Vivendo nos esgostos sanitários mentais
Onde só desce o que eles já não querem mais
Consumindo os restos do que já foi cultura
Aos poucos cavamos nossas sepulturas.
Pacificados, pela tropa do medo
Civilizados, desconhecendo os segredos
Das minas de carvão com as plataformas de aço
Cujas bases fortalecem do suor e do cansaço
E do sangue derramado, esperramado pelo chão
Todo choro, todo grito e toda lamentação
Só traz prazer, saciedade pra sociedade
Doente e viciada na mediocridade
E se eu tiver que me curvar pra essa corja e sorrir
Parto-me destas terras antes d'alvorada vir.
Presos! Humilhados! Dia a dia sucateados.
Remunerados com migalhas de pão podre para acelerar a morte
A reciclagem é necessária num trabalho desse porte
A estrutura já tá cheia e não há espaço que comporte
Quem não é mais ativo, então que morra, meu filho, morra sua morte.