HÁ...
Há um eco preso na garganta
Um suspiro cadenciado
Há um cone que se agiganta
Por um desmaio justificado
Há revoltas e reboliços
Velhos adultos sem compromisso
Corre nas veias um sangue micho
Na falsa crença do submisso
Há um sorriso que se lamenta
Num olhar meigo desconfiado
Há uma lágrima que se descontenta
Num rosto triste e amargurado
Inda há sonhos e esperanças
De etiquetas e lembranças
Em mulheres e crianças
De cores e semelhanças
Há um mar que se movimenta
Por uma vida notificada
E uma face que se tormenta
Por uma perda crucificada
Também há guerras e guerrilhas
Em proas e escotilhas
Há sangue em tantas trilhas
E tolas mortes em belas ilhas!
Autor: Valter Pio dos Santos
17/Set/82