Da janela do 8º andar

Da janela do 8°andar eu vejo as almas em vaivém.

Corre-corre de carros gente de bem e os órfãos urbanos pelo meio,

Trombadinha em ação é bicho feio rebentos da miséria assassina

Causada por gravatas de seda de raposas do planalto central

Da janela do8°andar eu vejo um garoto no sinal,

Brincando com esferas coloridas alegra o insensato concreto.

Vejo alguém passando por mim achando que podia voar,

Lá em baixo a morte o espera a quimera se apaga no ar

Da janela do 8° andar vejo o dia morrendo ofegante,

A cantiga frenética do feirante, o asfalto qualhado de luz.

Almas estiradas vão pra casa, doutro lado da cidade almas cantam.

Madrugada chegando me condena a fechar a janela e calar os olhos.

Eu inerte de olhos calados recorro à lembrança e a ilusão,

A vidinha lá do meu sertão a cacimba barrenta o roçado

A mulher, os filhinhos, o gado o forró sob a lua macia.

Ai meu Deus já é barra do dia, me chamando a sonhar outra vez.

E assim segue o itinerário meu olhar fala aquilo que vejo

Carro e gente correndo é desejo de vencer é o medo na mão

È brincar de polícia e ladrão, é cantar a alegria da feira,

Quem vive no sinal não é brincadeira, novamente o céu ta no chão,

Da janela do 8°andar eu assino essa minha canção.

Nilo Carvalho
Enviado por Nilo Carvalho em 18/05/2012
Código do texto: T3674374
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