Cronologia
Eis-me nas pedras dos becos e vielas.
Socado nas ruas, pingente nas ladeiras,
misturado no adobe dos casarios senhoriais.
Eis-me no escuro, no canto, no resto.
Jogado à sorte dos dias sem cor,
somado à massa dos anjos e zumbis.
Eis-me no suor das contas do Rosário,
ajoelhado e contrito nos batuques e pontos,
extasiado na dança do crer ou não crer.
Eis-me nas entranhas do Itaberabuçu,
dobrado à cata do vil e maldito,
prostrado à ordem da ambição e vaidade.
Eis-me no estalo do chicote doente,
amarrado num troco, carapinha ao sol,
plasmado no estertor da liberdade.
Eis-me leve, livre, solto, cicatrizado.
Encantado numa hipócrita piedade.
Endeusado num falso arrependimento.