Lamentando a dose
Andava só na noite escura
entre as sombras das árvores com a pouca lua,
preso ao nó da garganta.
Lamentava a sorte, o fim da noite,
o último gole, o novo dia
sem esperança.
E com passos zonzos e cabeça torta
que fez perder a quem mais queria,
seguia reto, cambaleando,
driblando o vendo na noite fria.
Perdeu a moça, descartou os sonhos,
tal como fez com a dose
que jogou pra um santo que nem bebia.
E com passos tortos e cabeça zonza,
lamentando a dose, tão só seguia.
Foi girar na cama no barraco escuro,
desarrumado, de flores murchas e sem cuidados.
Pra esquecer a noite e sonhar com o dia
que talvez por sorte ela voltaria.