Incompreensível

Sabe aquela dor que nos parece a mais mortífera?

Aquela na qual nos paralisa de temor

Mesmo que apenas nós tenhamos o seu conhecimento?

Se o Senhor a conhece, não somos tão distintos assim.

Sabe aquela lágrima que é jorrada sobre o relento?

Aquela que escondemos da nossa ciência em frente aos outros

Enquanto alguns compartilham com o travesseiro?

Se o Senhor a nega em consentimento, não sou tão incompreensível assim!

Logo o Senhor, tão seguro de si e de suas vontades

Um tanto ingênuo conforme a minha ambiguidade

Dispõe de constantes perguntas sobre sua inexplicável busca

Para responder-lhe mais de uma vez a real prioridade.

Logo o Senhor, que na minha visão sobre a sua natureza

Desprezaria minhas meras confusões por conseqüência da turbulência em meu peito

Na qual olharia friamente na profundeza da minha prisão, suspirando

Enquanto em seus pensamentos murmuraria o quão insignificante sou

O quão patético são meus infantis anseios.

Neste instante, Senhor, fito-lhe de perto mesmo a esta grande distância

Distância essa que impomos um ao outro

Sob a fortaleza que criamos para nos resguardar

Sim, nós as temos por escolha própria

Ainda que por razões diferentes que só nos dizem respeito.

Depois de tudo, apesar da batalha interna que se mostra eterna

Eu pergunto silenciosamente: Qual de nós dois é o monstro, agora?

Dandara Marques
Enviado por Dandara Marques em 09/04/2012
Reeditado em 26/10/2015
Código do texto: T3603192
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