FORTUNA

Marcas profundas na areia da estrada

Como se a terra acumulasse algum desgosto

São idos tempos dos transportes das boiadas

Fazenda triste que existe no meu rosto

E quando penso no lugar onde eu nasci

Parece que vejo o gado em meio ao poeirão

Sob a saudade na cidade onde eu cresci...

Abro um portal, que é virtual, pro meu sertão...

No som do carro... Encurtando a rodovia

Ouço mil vezes...

Quase sempre falta uma

Choro sozinho compreendendo a poesia...

De "Estrada Boiadeira" do saudoso Zé Fortuna

Eu canto samba, mas também nasci na roça

Neto e filho das mãos grossas, da enxada e da luta

Filho de uma mistura que se deu lá na palhoça

Vivacidade carioca "triscou" na porção matuta...

Folia, valentia e outras coisas da Bahia

(Me) fizeram um dia "conversar" dessa maneira

A brincadeira aqui comigo adolescia

Já na periferia que fervia igual caldeira

Essa minha malandragem dos meus tios já era aluna...

E os avós lá na tribuna: vivos livros na lembrança...

E o porquê dessa homenagem a Zé Fortuna?...

Numa estrada boiadeira eu corri quando criança...

Paulino Neves
Enviado por Paulino Neves em 07/03/2012
Código do texto: T3540981
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