Trem Bala
O trem bala embala
Tudo em volta se cala
Ultrapassa trapaça
Sonhos injetáveis
Bônus intermináveis
O descanso do vírus
O boquete, o colírio
Adormece a cidade
Floresta de plástico
Rios estáticos
Caminho sem ótica
O lixo da lógica
O vazio dos negócios
Talvez seja o fim do orgasmo
Era uma vez um trem
Um que vai, um que vem
Nessa lonjura hipnótica
Uma tsunami de espasmo
Toda memória um marasmo
Em alguma estação vazia
Não há noite ou dia
É só vácuo obstáculo
Das estepes a Guiné
Do Ceará a Cingapura
De Buenos Aires ao Tibet
Da Amazônia a Jeri
Enfim o trem bala entala
Pra pernoitar em Almofala
Num ritual Tremembé
Matéria mutante magia
Chinesa periferia
Ali o futuro transpassa
Uma babel da raça
Blindando a epidemia
Haja vida pra viver
Sem terremoto assalto
Ninguém precisa morrer
Pelo espaço compacto
É puro titânio cobalto
Do Ceará a Cingapura
Ainda mil anos de aventura
Quando o trem bala embala
Tudo em volta se cala