ED JUAZEIRO
Era um rapaz bonito que gostava de música baiana
e sonhava um dia ser um cantor rico e famoso
aos dezoito deu uma volta na motocicleta
e sumiu com sua guitarra pela estrada afora
Nunca,nunca mais voltaria para sua amada city
seus sonhos estavam lá do outro lado da montanha
era preciso subir para perto das nuvens
sem se importar com as lágrimas que caiam no seu rosto
sem se importar
sem se importar
com as lágrimas que caíam no seu rosto
Chegou em Salvador e procurou um quarto
um lugar pequeno e tranquilo ,um bom abrigo
antes tocou um axé para as meninas do porto
ganhou aplausos e um pouco de carinho
mas seu jeito alegre e meigo desagradou aos rapazes frios
e viu o fio da navalha passar perto do seu rosto
logo teve de partir
por livre e espontâneo aviso
logo teve de partir
logo teve de partir
por livre e espontâneo aviso
Vagueou pelas avenidas em sua moto
Fez pousada em um hotel decadente
no dia seguinte lavou pratos numa pizzaria top
esperava ali encontrar algo diferente
mas sem dinheiro não há muita sorte
ninguém dava atenção a um jovem pingente
Então tocou por uns barzinhos de segunda
sua velha guitarra tirava uns bons acordes
um produtor lhe mostrou um belo mundo
dizia que era preciso mais do que um belo porte
ninguém daria ouvidos a um vagabundo
só teria valor se fossem morar no seu resort
Fugiu do homem como o diabo foge da cruz
Era totalmente espada, valha-me Jesus !
aposentou sua guitarra no quarto do hotel
foi trabalhar em um delevery como moto-boy
não era fácil encontrar o caminho do céu
rodava quinze horas por dia sob sol e chuva
em meio a um trânsito louco , meu rei
um dia foi assaltado e quase lhe roubaram a vida
aprendeu que a vida não é um fair-play
Pediu as contas no delivery ingrato
Sem antes ouvir um sermão do gerente
Dizia ele que tinha forjado o assalto
Não recebeu de indenização um centavo
Pensou mesmo que estava ficando demente
Ele era bom rapaz e nunca tinha roubado
Então se lembrava de sua town distante
de seus amigos e da pelada na tarde
de sua mãe que quando partiu chorava
das delícias de seus sonhos de liberdade
seus sonhos estavam lá do outro lado da montanha
era preciso subir para perto das nuvens
era preciso ver algo de bonito
mas era tarde e tinha que correr perigo
Voltou ao hotel deprimido e triste
Não tinha dinheiro para pagar a conta
Tentou deixar fiado, viu um dedo em riste
Aquilo não era hora para tirar onda
Penhorou sua moto para se ver livre
Quando o money tá em jogo, até baiano se estranha
Mas voltar ainda não era tempo
Tinha algo a fazer na sua história
Em sua frente estava um muro de cimento
Não voltaria sem curtir a glória
A qualquer hora vem o grande momento
A vida pode ser êxtase ou uma grande droga
Parece que saiu do hotel sem uma perna
Mas na mão ainda tinha a sua boa guitarra
Quem sabe se em Itaparica não soprava uns bons ventos
Cruzou a Baia de todos os Santos em uma barca
O festival da ilha era um mar de gente
Ivete Sangalo no palco arrasava uma balada
Passou tanta gente boa por ali
Tanto baiano bom de música
Estava mais perdido do que Caim
No meio da multidão em êxtase
Não acreditou, quando Ivete disse vem aqui
Sobe no palco, amigo de Juazeiro
Eu te conheço , passa teu recado aí
Mostra esta guitarra para o mundo inteiro
Então subiu no palco , em transe
Não acreditava no que estava passando
Sua guitarra tirou um som dos Rolling Stones
Foi mais que” Satisfaction” o que estava tocando
Nunca mais cantaria daquele jeito que estava cantando
Nunca mais dançaria do jeito que estava dançando
O público baiano é mais do que eclético
A multidão gostava do que estava vendo
A banda da cantora dava um bom suporte
Meu Deus, aquilo era uma visão de Dante
Ali na hora teve uma grande sacada
Não era música baiana que lhe traria a graça
Tinha de fazer algo diferente
Só tinha estrela do axé na área
Emendou um som do Dire Streets
Gostava da pegada de “Sultans of swing”
Soltou o seu inglês e os bichos
O povo gostou de sua pegada
Ivete sorrindo cantava junto
Dizia: é de Juazeiro o meu amigo
Saiu do palco em pleno sonho
O povo gritava é de Juazeiro , o menino
Não sabia se ria ou se chorava
Era emoção demais para o seu espírito
Ivete chegou e disse : Ed Juazeiro
Voce tem futuro , meu filho
Anda! Mostra teu som para o mundo inteiro!
Foi dormir em estado de graça
E acordou com um convite para tocar
Logo outro convite na praça
O baiano também gosta de rockear
Todos o chamavam Ed Juazeiro
O menino botava as pedras pra rolar
(este trabalho ainda está em construção,obrigado ,leitor amigo,por chegar até aqui...)