AO MEU TEMPO.
Quando
o meu tempo trouxer meus balagandãs, todos,
e fizer do seu gingado as rédeas frugais da minha alma,
voarei.
Dispensarei asas, trampolins, guizos.
Dispensarei
sangue, ossos, suor.
Quando o meu tempo trouxer suas cicatrizes
pegarei todos meus remendos e voarei.
Dispensarei os mitos, os gritos, as sereias.
Dispensarei as mentiras, as ranhuras, os excessos.
Quando o meu tempo se fizer ventre, peito e gozo
buscarei dentro de mim o que a vida guardou no seu baú dos sonhos.
E fisgarei deles as bandeiras que deixei de hastear,
as bocas que virei de lado pra não beijar,
o olhos dos quais me desviei sempre quando não deveria.
Então
meio desencardido, meio envergonhadeo, meio confuso,
olharei pra todos que fizeram parte do meu show e direi obrigado, valeu!
Porque nessa hora estarei purgando meus frágeis golpes de mestre,
meus ocos pedidos de aplausos,
meus pobres desejos de ser feliz.
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