A CASA VELHA
A CASA VELHA
Ritmo: Milonga
Há um lugar eternizado na memória
Que abriga sonhos e lembranças prazerosas
Janelas largas e um pé direito bem alto
Um horizonte no limiar da algerosas.
Um Cristo antigo pendurado na parede
E a ceia santa pra quem vem sem avisar
O espaço é pouco e desprovido de confortos
Mas cabe a vida nos limites desse lar
A casa velha que herdei de meus avós
Tem seus fantasmas nuns retratos ressequidos
E sempre abre seus portais de par em par
Ao “óh de casa” quando chega algum amigo
É um mundo pleno onde o descaso não habita
Um espaço terno onde a tristeza não prospera
Se faz trincheira pras peleias dos meus dias
Jardim dos sonhos quando surge a primavera
A casa velha foi o porto de partida
Pra um navegar de desafios e descobertas
E é motivo pra um retorno viajeiro
Pois sempre volta quem tem a paragem certa
E não importa se é de barro ou de madeira
Pois é na essência que a estrutura se sustenta
Rancho de esteios bem plantados na vivência
Que não se verga às ventanias e tormentas
Perto da estante onde as compotas se aninham
Com frutas boas, tendo o doce da estação
Há prosa mansa...fogo bueno...mate amargo...
E uma guitarra milongueando o coração.