O seio que não veio.

Olhos desfalcados, cariados,

trêmulos na raiz, a matriz,

esgoto, esgoto.

Fazendo troça das cores, dos amores,

das flores.

Querendo cravejar a alma, destronar a fé,

enxaguar o medo.

Querendo buscar o sangue, as portas,

as comportas,

o desejo, desejo.

Esperando ancorar o sono, o que veio,

o seio que não veio.

Laçando a paixão nas quermesses

fugidas dos ciganos bêbados,

rasgados, rajados das metrancas de Deus,

metrancas de Deus.

Quem puder que traga bênçãos,

que traga a fumaça que solto pelos meus poros malditos,

pelos meus pelos encravados e cativos pelo demo,

vão embora daqui,

daqui.

Depois que cada franzino se fizer virgem,

depois que cada flerte oco se nascer voraz,

depoois que cada riso morto se fizer saudade,

chega, chega.

Vamos colocar este despacho na encruzilhada das varandas,

encardidas outrora,

vamos desfalcar os gozos que sobrarem,

vamos chamar todos pra festa.

Então, por que não,

vamos dormir,

dormir, dormir,

dormir.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 18/11/2011
Reeditado em 18/11/2011
Código do texto: T3342398
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