DIRCE

DIRCE

Tom Lira

Eu sonhava com Dirce... Dirce... Dirce

A meia noite no meu quarto

Ela estava pronta pra mim.

Dominando a cena

Com motes de meretriz.

Eleito o serviçal da noite,

era tudo o que eu queria ser.

Eu rolava com Dirce... Dirce... Dirce.

Aquela que na luz veste alvinegro,

usa vermelho incandescente na escuridão.

Destrói minha libido adolescente

numa singela dança sensual.

Eu gozava com Dirce... Dirce... Dirce...

Me usa, me abusa;

me lambe, lambuza.

Depois acende o Sol, me serve o café e vai à feira.

Agora ela nem parece a minha Afrodite.

A Rainha da ribalta usa bobs na cabeça.

E nem se dá conta das deformações do lençol

que me cobre e disfarça o meu desejo.

Ah, doméstica. Lasciva e cruel.

Te espero na curva da madrugada,

Para ser a dona do meu palco.

E só minha... Minha... Minha Dirce.