VÔO CEGO.
Preciso de um ombro,
amigo, inimigo, tanto faz
certamente ele me refaz
traz minha vida de volta.
Preciso de um ombro
caído, moído, fingido, pode ser
certamente me fará renascer
buscando minha alma revolta.
Preciso de um ombro
rasgado, remendado, o que for
que tenha luz, que traga calor
coloque meus passos no prumo.
Preciso de um ombro
roubado, emprestado, como quiser
que limpe minhas sujeiras, minhas asneiras,
resgate meus sonhos tão fugidos,
meu sumo.
Preciso de um ombro
torto, morto, como der, como vier, como quiser
que traga de volta o que perdi, o que esqueci,
refazendo esse cara dentro de mim
perdido num voo cego qualquer.