Memórias
Desde que você mergulhou
Na linha do horizonte sem o meu amor
Partindo pro hemisfério da sorte
Ao norte da linha do equador
Meus olhos ficaram na poeira
De uma vida inteira à lutar em vão
Por um amor que no fundo eu já sabia
Que não passaria de paixão
O fogo desse teu olhar
Queima os resquícios de um tormento fugaz
O juízo final, uma espécie de castigo
Que faz tudo tornar-se banal
E eu mergulho na fantasia de que você não está longe de mim
Até que o sono bate, o dia amanhece e eu percebo que não é bem assim
As horas se arrastam no relógio
E eu contenho o ódio de não ter você
Continuo buscando o caminho, a hora certa
A maneira certa pra dizer
Que o que queimam nos seus pensamentos
São os sentimentos que um dia guardei
Em um coração pobre, mas do jeito mais nobre
Que um pobre poderia fazer
A madrugada sempre é tão fria
Desde aquele dia em que ecoa o adeus
Na solidão desse quarto, me acompanham as estrelas
E as memórias do que se perdeu...