acorde irreal

coração de asas nômades,

as moscas insistem em rodear teu sorriso,

mas ja conheceste os taninos de cada pinot noir,

a ardor de cada final,

a dança interrompida quando o pulsar ainda é constante,

a marcha das borboletas

rumo a um império no nada,

As correntes de ar

que aos olhos, trazem venenos

da fumaça e do desencanto da vida urbana.

coração de asas nômades,

salta de noite em noite,

a procura de um peito conveniente,

coração louco, entre a espada e a luxúria,

entre a tarde e a calmaria colérica

do amanhecer ainda incógnito,

ó tu, vá buscar uma canção que estabilize,

dentro desse platô, nesse pântano,

e ao cantar respire esse meio,

esse crepúsculo que talvez seja medonho,

guerreie em nome das mais hediondas emoções,

corra ao abismo e pragueje o amanhã esquecido,

pelos amantes mortos pelo orgulho.

coração vazio,

desvencilhe-se desse estado,

desse pecado,

dessa suposta cadência suiciada,

abrace o irreal

dos acordes esquecidos no silêncio,

e legitime essa linha de tênue

que nos separa dos signos reativos