A ESPERA
A espera é uma longa ausência
São os dias gotejando o tempo
É um modo de não ter paciência
De não ter presença
De não ter você
A espera é uma tropa arisca
São as tardes mourejando a campo
É o desconforto desse estranhamento
De não ter sossego
De não ter você
Quem espera trança fios de aço
Trama ramos pra formar seu ninho
Quem espera acredita em sonhos
A ilusão da armada
Contra o moinho
A espera deixa marcas fundas
São as noites milonguiando a calma
É o peito se esvaindo em brumas
Um sem-fim de nadas
Percorrendo a alma
A espera é um fio de esperança
Um entardecer escurecendo os olhos
Um findar de luzes de viver supondo
Haverá retorno!?
Haverá aurora!?
A espera é um espanto eterno
Um assombro destruindo tudo
É a tristeza de um lago largo
Um perder de rumo
Pelo fim do mundo