A ESPERA

A espera é uma longa ausência

São os dias gotejando o tempo

É um modo de não ter paciência

De não ter presença

De não ter você

A espera é uma tropa arisca

São as tardes mourejando a campo

É o desconforto desse estranhamento

De não ter sossego

De não ter você

Quem espera trança fios de aço

Trama ramos pra formar seu ninho

Quem espera acredita em sonhos

A ilusão da armada

Contra o moinho

A espera deixa marcas fundas

São as noites milonguiando a calma

É o peito se esvaindo em brumas

Um sem-fim de nadas

Percorrendo a alma

A espera é um fio de esperança

Um entardecer escurecendo os olhos

Um findar de luzes de viver supondo

Haverá retorno!?

Haverá aurora!?

A espera é um espanto eterno

Um assombro destruindo tudo

É a tristeza de um lago largo

Um perder de rumo

Pelo fim do mundo

Telmo Vasconcelos
Enviado por Telmo Vasconcelos em 05/09/2011
Código do texto: T3201779