Oswaldo Montenegro ((METADE))

Oswaldo Montenegro ((METADE))

Que a força do medo que tenha

Não te impeça de ver o que anseia

Que a morte de tudo que acredita

Não te tape os ouvidos e a boca

Porque metade de você é o que grita

Mas a outra metade é silêncio

Que a música que ouça ao longe

Seja linda ainda que triste

Que homem que você ama seja sempre amado

Mesmo que distante

Porque metade de você é partida

Mas a outra metade é saudade

Que as palavras que falo

Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor

Apenas respeitadas

Como a única coisa que resta a uma mulher inundada de sentimento

Porque metade de você é o que ouve

Mas a outra metade é o que cala

Que essa sua vontade de ir embora

Se transforme na calma e na paz que você mereçe

E que essa tensão que te corrói por dentro

Seja um dia recompensada

Porque metade de você é o que pensa

E a outra metade um vulcão

Que o medo da solidão se afaste

E que o convívio contigo mesma se torne ao menos suportável

Que o espelho reflita em seu rosto um doce sorriso que você se lembre de ter da infância

Porque metade de você é a lembrança do que foi

E a outra metade não sei

Que não seja preciso mais que uma simples alegria

Pra te fazer aquietar o espírito

E que o meu silêncio te fale cada vez mais

Porque metade de você é abrigo

Mas a outra metade é cansaço

Que a arte nos aponte uma resposta

Mesmo que ela não saiba

E que ninguém a tente complicar

Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer

Porque metade de você é platéia

E a outra metade é a canção

E que a tua loucura seja perdoada

Porque metade de você é AMOR

E a outra metade TAMBÉM.

Marli Puglielli
Enviado por Marli Puglielli em 25/08/2011
Código do texto: T3181571