A primeira.
Foi como a lasca rasgando minhas escoras
deixando o sangue jorrar feito cascata
como se o amor fizesse serenata
como se o chão falasse vem, chegou a hora.
Ela estava linda como nunca vi antes
olhos que eram pérolas gigantes
a boca parecia cravejar minha alma inteira
já foram tantas vezes, parecia que era a primeira.
Luiza, Soraya, Lurdinha, Luzia
eram minhas, sejam lá quem seriam
doces como fruta que acabou de cair do pé
quente como o hálito de Deus, bem mais até.
Nos abraçamos como dois vermes acabados de nascer
fomos nesse gozo à deriva nos atracar até morrer
se falassem que era sonho, não importava, deixa pra lá
nossos corpos estavam fundidos num só
cerzidos com aço fundido sem dó
nada faria a gente se desarrancar.
Foi quando tudo ficou breu, nublou de vez
percebi que estava galopando o sonho que não era pra ser
deu vontade de parar tudo, segurar as rédeas dessa loucura
todo meu corpo já se fazia embranquecer
minha alma já conseguiu o alvará se soltura
agora era só esperar o vento ceder.
Então paramos nossa dança do jeito que deu
tudo ficou esquisito, acho que a festa acabou
as raparigas juntaram tudo o que restou
foram embora cantando o cântigo avesso que era só meu.
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