A primeira.

Foi como a lasca rasgando minhas escoras

deixando o sangue jorrar feito cascata

como se o amor fizesse serenata

como se o chão falasse vem, chegou a hora.

Ela estava linda como nunca vi antes

olhos que eram pérolas gigantes

a boca parecia cravejar minha alma inteira

já foram tantas vezes, parecia que era a primeira.

Luiza, Soraya, Lurdinha, Luzia

eram minhas, sejam lá quem seriam

doces como fruta que acabou de cair do pé

quente como o hálito de Deus, bem mais até.

Nos abraçamos como dois vermes acabados de nascer

fomos nesse gozo à deriva nos atracar até morrer

se falassem que era sonho, não importava, deixa pra lá

nossos corpos estavam fundidos num só

cerzidos com aço fundido sem dó

nada faria a gente se desarrancar.

Foi quando tudo ficou breu, nublou de vez

percebi que estava galopando o sonho que não era pra ser

deu vontade de parar tudo, segurar as rédeas dessa loucura

todo meu corpo já se fazia embranquecer

minha alma já conseguiu o alvará se soltura

agora era só esperar o vento ceder.

Então paramos nossa dança do jeito que deu

tudo ficou esquisito, acho que a festa acabou

as raparigas juntaram tudo o que restou

foram embora cantando o cântigo avesso que era só meu.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 10/08/2011
Reeditado em 10/08/2011
Código do texto: T3150747
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