E o Rock
O carro velho
O carro usado
Um cara maquiado
Dirigindo ao meu lado
O vento estacionado na janela
Atropelando o motor enferrujado
Comprimindo o meu queixo
Refletido no espelho retrovisor
Retrovisor
Que estreita a rua
E mostra que é larga o bastante
Para mais de dois
E o capô de nariz empinado
Desce ladeira abaixo feito carro refinado
Mas é um carro usado
Batido assim depois de importado
Ele range
Ele grita
Ele pula
Mais alto que o amortecedor permanece calado
Feito o silêncio de analista escondendo empatia
Feito pianista quando perde um amor
Ele empaca
Emudece
E calcula
Feito capa de livro julga o que diz o autor
Feito bebida que desce e rasga a garganta
Bebida que desce e adormece a garganta
Bebida que á força adestra a garganta
É de lá que saem os sons
Ruído zunindo no filtro da orelha
O banco de traz treme e despenteia
O cara maquiado dirigindo ao meu lado
Opa! Que isso? Será que é contramão?!
Será que isso tudo é um tremendo alçapão?
E o rock?
Que range
Que grita
Que pula
Com o nariz empinado
Desce ladeira abaixo feito carro blindado
Mas todo mundo sabe que é velho e usado
Batido assim mesmo depois de importado
A mim não interessa se foi comprado
Mas sim as garagens onde fica guardado