CIDADÃO

Ignoro você.

Um ser resignado, curvado, levado em toda direção.

Não admito ser

Um você condenado, sem nem ser julgado, sem crime ou perdão.

Um você não vou ser.

Sempre um ser conformado, domado, pisado e sem dizer não.

Que ser é você?

Que distante e calado, parece prostado. Sem Céu e sem chão.

O que quero dizer

É que fico irritado com o resultado dessa equação.

É o que me crer

Que um ser nesse estado, quando confrontado, é só decepção.

É fácil perceber

Que você tem estado mais desacordado que de prontidão.

Que é difícil colher

O melhor resultado do fruto plantado, chamado razão.

Nunca pagou pra ver

O suor derramado, o sangue jorrado como um ribeirão.

Que lutou por você

Que paralisado, dopado, espera sentado, estendendo a mão.

Essa mão à mercê

De qualquer um bocado doado, mandado, fruto de uma ação.

Que tenta reverter

Um ser ultrapassado, ilhado, pisado, transformado em cão.

E nem tente esquecer.

Vai ser sempre lembrado, cobrado e chamado por algum clarão.

Que prefere acender

E estar ao seu lado, ligado, focado no alvo Nação.

E se quiser vai ver

Mesmo desacordado, como tem ficado, largado e em vão.

E comece a correr

Livre e recuperado, um ser libertado, aclamado como um cidadão.