HERÓIS MENINOS

A cama é de jornal

O travesseiro é um tijolo

O cobertor é papel de cimento

A moradia é o calor, sereno e o vento.

Meninos no meio das ruas

Sentados nos bancos da Praça da Sé

Engraxate às contas, outros sacos de laranja

Uma é cem, três por “duzento”

Hoje “tô” que não me aguento.

Ninguém vê, ninguém vê, ninguém liga

Todos mergulhados estão

Nos seus problemas

Vai uma balinha aí moço?

Bugigangas nas portas dos cinemas.

Preciso dum trocado pra comer um pão

Me acuda moço, deixa eu morrê não

Olha a rapa gente:

Vamo escapá, pois é o camburão.

No alto alguém promete

(promete, promete, promete)

Embaixo a luta do sobreviver

Vão acabar com o sofrimento

Querem acreditar: -Mas só fica no querer-

Refrão...

Meninos peito de aço

Fôlego longo, sete vidas

A raça marcando presença

A fé, o jogo, a reza e a crença

O ódio e o desespero

Deixando cicatrizes

Sem dúvida nenhuma

Meninos, heróis das marquises.

Marçal Filho e Marcelo Fonseca
Enviado por Marçal Filho em 03/08/2011
Reeditado em 12/02/2023
Código do texto: T3136033
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