CERCA DA DIVISA

NA FAZENDA LAGOA EU VIVIA NA BOA

COM A MINHA PATROA LÁ NO SANHAROL

UMA CASA DE TAIPA, UM CÃO VIRA LATA,

NO PASTO AS VACAS LEMBRAVAM UM LENÇOL

UM RIACHO CORRENTE DE ÁGUA TRANSPARENTE

NAS TARDES BEM QUENTES PESCAVA DE ANZOL

CUIDAVA DO GADO E UM CAVALO ENSINADO

O MILHO BEM VINGADO ENCHIA O PAIOL

A ÁGUA BEM FRESCA MATAVA A SEDE ESPERAVA SEM PRESSA DEITADO NA REDE A JANTA À BASE DE CARNE DE SOL

MAS UM BELO DIA PRA MINHA AGONIA

CHEGOU COM A MARIA UM FULANO DE TAL

SUJEITO VALENTE, MULHER INDECENTE

UM POUCO DIFERENTE, FORA DO NORMAL

QUANDO ELE SAÍA, A DANADA FAZIA

UMA GRANDE FOLIA VIRAVA UM MINGAU

A CERCA FARPADA ERA COMO ESCADA

PULAVA ASSANHADA. QUE CARA DE PAU!

QUANDO ELE VOLTAVA DE NOITE PRA CASA ELA SEMPRE FINGIA QUE NÃO BATEU ASAS E O COTIDIANO ERA TUDO BANAL

POUCO MAIS DE UM MÊS, QUIS VIRAR FREGUÊS

MAS O QUE ELE FEZ TEVE QUE PAGAR

A CERCA DA DIVISA FEITA NA BALIZA

O DANADO CISMA E MUDA DE LUGAR

TRAVOU-SE UMA GUERRA POR CAUSA DA TERRA

E A CONVERSA ENCERRA SEM NADA GANHAR

PARA SEU CASTIGO, A MULHER É UM PERIGO

COM SEU GRANDE AMIGO ELA FOI SE ENROSCAR

QUANDO ELE AVISTOU A SUA MULHER NÃO ACREDITOU NAQUELE ARANZÉ O SEU PARABELO QUIS DESCARREGAR

A MULHER DANADA COM A CARA ASSOMBRADA

CORRIA NA ESTRADA BEM NA MINHA FRENTE

O CABRA GRITANDO JÁ QUASE ALCANÇANDO

DE RAIVA BERRANDO EU VI DE REPENTE

SEM OUTRA SAÍDA JÁ QUASE VENCIDA

PRA SALVAR A VIDA FOI DIRETAMENTE

PRA MINHA COZINHA FICOU QUIETINHA

ATÉ FORA DA LINHA FICOU SORRIDENTE

APRENDI UMA LIÇÃO COM TODO ESSE FATO BICHO PERSEGUIDO SOZINHO NO MATO POCURA ABRIGO EM NINHO DE SERPENTE