VIDA DE TROPEIRO
Levantava cedo preparava a tropa
Quando o sol nascia já estava na estrada
Eu e os companheiros fazendo o transporte
Vida de tropeiro era a nossa jornada
Muito sacrifício mas era feliz
Viajando fiz muitas amizades
Que me confiavam sempre uma encomenda
Pra trazer na carga um pedido da venda
Pra suprir de novo outra necessidade.
No final da tarde desarreava a tropa
Preparava o rancho para outra pousada
Ao redor da trempe sempre uma canção
Sanfona e violão numa batucada
Pra esquecer a saudade da prenda
Que sempre vivia a me esperar
Então descansava do dia que foi
Dormia e sonhava num couro de boi
Pra no alvorecer outro dia enfrentar.
Cozinheiro Zeca seguia na frente
Zé Lobo a pé ia tocando o lote
Lá no povoado vinham dar boas vindas
Ele agradecia estalando o chicote
Sobrando harmonia e tinindo o cincerro
Chegava enfeitada a madrinha de Guia
Toda a peonada apeava sorrindo
Faziam piadas e o povo aplaudindo
E tudo acabava em nova cantoria.
Vida de tropeiro ficou na lembrança
Trocaram as tropas pelo o caminhão
O progresso veio e tomou meu lugar
Tive que parar não tive opção
Mas o meu coração não quer aceitar
De um tempo tão bom vive a recordar
É pena que agora tá tudo mudado
No fundo do peito batendo calado
Tão amargurado só posso chorar.
Se hoje me bate no peito a saudade
Das tralhas usadas no meu dia-a-dia
Eu pego o meu carro e na Estrada Real
Rumo a Ipoema pra lá Deus me guia
Aonde eu revivo em cada objeto
A minha história e a dos meus companheiros
Lá dentro do rancho tá tudo guardado
Lembranças antigas de um grande passado
Onde está situado o Museu do Tropeiro.
*(Hino Oficial do Museu do Tropeiro localizado em Ipoema MG, situado no circuito da Estrada Real)