FALANDO DA SAUDADE.
A saudade arde e depois já vai tarde,
fica rala, acaba jogada numa vala,
vira uma coisa qualquer.
A saudade arranca do peito,
o que temos de mais guardado,
depois esquece todo estrago,
sai mansinho como nada quer.
A saudade tem voz forte,
empurra direto pra morte,
depois pede desculpas e se manda,
acaba jogada onde der.
A saudade é exigente,
vai detonando o que tem pela frente,
depois diz que não era nada disso
fica lá longe até quando puder.
A saudade quando mira na gente,
parece que nunca ficou tão rente,
depois some no horizonte de uma vez,
fica fugida até quando Deus quiser.
A saudade é coisa esquisita,
dói fundo, cutuca, arranha, irrita,
depois ninguém lembra mais do cheiro,
vira um zumbi vagando pelo mundo
até o dia alguém convide pra entrar.
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